A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa



Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa
Substitui o calor.
Para ser feliz tanta coisa é precisa.
Este luzir é melhor.

O que é a vida? O espaço é alguém para mim.
Sonhando sou eu só.
A luzir, em quem não tem fim
E, sem querer, tem dó.

Extensa, leve, inútil passageira,
Ao roçar por mim traz
Uma ilusão de sonho, em cuja esteira
A minha vida jaz.

Barco indelével pelo espaço da alma,
Luz da candeia além
Da eterna ausência da ansiada calma,
Final do inútil bem.

Que se quer, e, se veio, se desconhece
Que, se for, seria
O tédio de o haver... E a chuva cresce
Na noite agora fria


Fernando Pessoa
18-9-1920
in: Poesias Inéditas (1919-1930).

Um comentário:

Mirtes disse...

Simplimente lindoo

Beijos