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Outono!
Qualquer coisa lilás,
Schumann em violino,
Ângelus tangido em lentidões de sino...
Preguiçoso torpor de um fim de sono.
Espelho de água quieta dos canais!
Cá dentro, a idade,
restos de sonho e de mocidade;
trechos dispersos
de velhas ambições falhas na vida,
parcelas de antigas ilusões
que ainda, a custo, concentro
e invoco até agora!
Lá fora, a descida.
O crepúsculo inócuo destes dias,
a tristeza das folhas amarelas,
e a cantar sobre estas ruínas frias,
a monótona toada de meus versos.
Desce, Poeta!
A descida é suave...
Não te demanda rigidez de músculos
e nem exige que teu passo apresses...
A natureza é quieta,
da ingênua quietação de um sonho de ave,
e há paina nos crepúsculos...
No outono a luz é um eterno poente,
que mais à calma que ao rumor se ajeita;
Brilha, tão de manso e calma,
que até parece unicamente feita
para o estado d'Alma
de um convalescente.
Mário Pederneiras
in 'Outono"-1.921-
Um comentário:
Oi, Mada! Como sempre, fazendo uma visitinha neste seu espaço tão lindo, e aproveitando prá fazer um convite: "Adoção, um ato de nobreza". Que tal participar da Blogagem Coletiva??? Mais informações em:
http://saia-justa-georgia.blogspot.com/2008/10/adocao-um-ato-de-nobreza.html
Beijos!
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