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Hei de sentir uma ternura grave,
Qualquer cousa de pausa na descida,
Quando te surpreender compondo, suave,
A bela cabeleira embranquecida.
Talvez o outono seja a grande chave
Perfeita e luminosa desta vida,
Em que, mãos postas, murmuramos — Ave,
Ventura, colho-te amadurecida! —
Há, no outono, um sabor de cachos de uvas
Que provamos, tranqüilos, só de vê-los
Rebrilhantes, lavados pelas chuvas.
Deve ser muito doce e manso, ainda,
Sorridente, ao tocar os teus cabelos,
Dizer-te: Como a neve te faz linda!
Oliveira e Silva
(Recife-1897)
Sobre o autor:
Francisco de Oliveira e Silva
Escrevia com o nome Oliveira e Silva.
Magistrado e escritor, nasceu no Recife, em 1897. Foi promotor público em Santa Catarina e juiz e desembargador no Rio de Janeiro. Publicou vários livros (jurídicos e de ficção), entre os quais: "Julgamentos Fictícios - Psicologia Criminal"; "Orquídea" (romance); "Sonata poética" (poesias); "D. Quixote e Carlitos" (ensaio); "Um Homem se Confessa" (memórias).
Um comentário:
Oi, amiga...
Parabéns pelo Blog
Lá no Interlúdio tem um presentinho prá vc... passa lá prá pegar!
Bjs.
Flor ♥
http://interludioemflor.blogspot.com/
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