A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

'Primavera'



Primavera, eu te saúdo
Como a rola do sertão
Entre as fúlgidas mangueiras
Ao brincar da viração.

Já no bosque a voz escuto
Di canoro sabiá;
Já do sol um raio brilha,
Prateando a selva - lá!

Já minh'alma triste acorda
do meu sonho agonizante;
Já do inverno o som funéreo
Pelos ares vai distante.

Já do sol um raio brando
Minha fronte triste aquece
Já da vida ao doce encanto
O meu seio se enternece.

Primavera, eu te saúdo
Pela voz da viração
Grava a crença que se extingue
No meu pobre coração.

Dá-me a esp'rança que falece
Dá-me a vida que desmaia
Dá-me um hino mais alegre
Ao tremer da sapucaia!

Primavera vem beijar-me
Com teu lume que endoidece!
Sou a flor murcha que pende
O teu sol minh'alma aquece.

Vem beijar-me, quero a vida,
Quero as flores do arvoredo!
Cantam as aves... fulge o dia.
Não se morre assim tão cedo!


Júlia da Costa
in 'Bouquet de Violetas'
(1844-1911)

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