quarta-feira, 17 de setembro de 2008
'NINGUÉM'
Ninguém se engane se soar a hora,
se todos os relógios, de repente,
gaguejarem nem sei que dor fremente
que nunca veio e não se foi embora.
Ninguém se engane se souber quem chora,
que um grande choro convulsivo e quente
virá das coisas como espada ardente
atravessando a carne ontem, agora.
Ninguém se engane se dos seus papéis,
dos seus livros inertes, um lamento
terrível se levante como um vento
de maldição e de intenções cruéis.
Tudo, a este instante, é como um grande grito
quase a romper as cercas do infinito.
Alphonsus de Guimaraens Filho
De 'Discurso no Deserto'
(1918-2008)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário