A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

VENTOS DO LESTE



Esta brisa de outono
me traz um poema de Bashô,
desperta aromas maduros ,
nascentes e frutos,
traz também o viés da vida,
fogo e cinza,
folha ressequida:

amplo leque de pretéritos
e prenúncios.

Este vento nos pinheiros do leste
tocou poetas longínquos
e agora ressoa minhas cordas:

já não sou o pária da noite,
o grande órfão do mundo.

Este sopro traduzido,
transportado a laranjeiras,
paisagens do meu quintal,
abre-me o grande livro da alma:

minha natureza é mãe e madrasta
de meus versos.

Fernando Campanella

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