Esta brisa de outono
me traz um poema de Bashô,
desperta aromas maduros ,
nascentes e frutos,
traz também o viés da vida,
fogo e cinza,
folha ressequida:
amplo leque de pretéritos
e prenúncios.
Este vento nos pinheiros do leste
tocou poetas longínquos
e agora ressoa minhas cordas:
já não sou o pária da noite,
o grande órfão do mundo.
Este sopro traduzido,
transportado a laranjeiras,
paisagens do meu quintal,
abre-me o grande livro da alma:
minha natureza é mãe e madrasta
de meus versos.
Fernando Campanella
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