A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

XX

(Rudolf Nureyev)


Estou sentado sobre a minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!

Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...

Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo

Pra que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?


Mário Quintana
in Rua dos Cataventos

2 comentários:

Graça Pires disse...

Um poema bem ao jeito de Mário Quintana. Obrigada pela partilha.
Beijos.

Fernando Campanella disse...

Belo poema do Quintana, com um soprinho, uma alma do Pessoa.
Grande abraço.