No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!
Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...
Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo
Pra que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?
Mário Quintana
in Rua dos Cataventos
2 comentários:
Um poema bem ao jeito de Mário Quintana. Obrigada pela partilha.
Beijos.
Belo poema do Quintana, com um soprinho, uma alma do Pessoa.
Grande abraço.
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