A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

Seja bem-vindo. Hoje é
Deixe seu comentário, será muito bem-vindo, os poetas agradecem.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

AMORES


III

Não traçarei novos caminhos.
Entrelaçados, nascemos de raízes
mais fundas que saber.
És o que virá, se vieres.
E eu espero. Véspera da morte,
agora que o amor é mudo ou canta sem parar.
E o canto um silêncio parece
de tão fundo viver, que a vida já se despe
de si mesma, e avança sem andar:
bem longe
ou perto
aberto dom
de
amar.

IV

Não o que dizíamos
nem o que víamos,
mas o olhar desviado,
taça em demasia. E o que insistia:
os mesmos pórticos, a hora
na torre austera. E tudo fazíamos
para não ouvir, calado,
o passo do passado
e não olhar, à janela cega,
um vulto debruçado
o olhar isento
do amor que não se vê
e, em fuga, se extravia.


Dora Ferreira da Silva
Uma Via De Ver As Coisas
São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1973. 124 p.

Nenhum comentário: