A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quarta-feira, 8 de maio de 2013

"LIMBO"

  
 
 
...E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca...
(T. S. Eliot, “A terra desolada”,
tradução de Ivan Junqueira)
 
E quando dei por mim
vi um molusco
arrastando nos ombros
o tempo da casa.

Vi um monge rondando em ócio
– o hábito
a chama
e a mariposa alucinada

folhas caducas
espectros
(os ecos, os ecos)
a roda tocada à memória.

Vi a turbulências das moscas
a lava
e a concha sonhando a asa.

Quando cheguei ao limbo de mim
e o vento seguiu
senti um abandono
na distância sem-fim.

Pesei o silêncio
e o mundo certo
que perdi –

vi a pedra chamando a água.


Fernando Campanella

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