Do outro lado do espelho existe tanto
-rosto impassível – quando me imagino,
que o mito da existência desencanto
compondo silencioso o meu destino.
Do outro lado do espelho escuto o canto
que é um eco da cantiga do menino.
E a lâmina entre nós cai como um manto
que isola a sombra de seu figurino.
Mas através do vidro – vã imagem –
percebo a solidez do corpo, a vida,
nos olhos transbordantes de paisagem.
Existimos à parte, independentes,
e a gargalhada que nos intimda
nem sequer utiliza os mesmos dentes.
1951
Lago Burnett
In: Estrela do Céu Perdido
[Painting By Thomas Wilmer Dewing]
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