A que, visível, se interrompe
na palma da máo, decisiva:
a ultrapassagem do horizonte
pelo lado avesso da escrita.
À Linha do Universo
A que, invisível, se deleita
no olho sensual da fechadura:
a letra (aleph) e seu pentelho
no espaço-tempo que se enruga.
E, anjo ou demônio, pinta o sete
mas tão relativo e medroso
que o tom azul logo se perde
na linha de fundo do esboço.
À Linha-d’água
Visível enquanto invisível,
compõe seu ritmo avergoado:
a imagem se imprime no nível
do que está deste e do outro lado.
Por sob a carga o sonho e o medo
de haver perdido e haver ganhado:
no contrabando do segredo
o contrapeso do sagrado.
E o que ficou quase perdido
(o que me deixa envergonhado)
ainda viaja sem sentido,
meio à deriva,
e bem calado.
Rio, 1986.
Gilberto Mendonça Teles
De Hora Aberta
Um comentário:
Não conhecia. Obrigado por partilhar. Abraço.
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