sexta-feira, 5 de julho de 2013
''POEMA''
IV
Na tarde sem soçobro o azul instala
sobre as coisas um líquido silêncio,
e a mim me deixa só, desapartada,
na observância fiel de um obsidente
solilóquio amoroso, propiciado
por tua ausência e minha infausta mente.
Do jugo não imposto e incerto estado
ninguém me livra, que este mal de agora
ainda é o bem em mal transfigurado
por obra de distância e da memória,
não do acaso ou do sonho, não da sépia
que às vezes cobre o chão de melancólicas
paisagens. Que noturnas, vãs, repletas
formas criadas pelo imaginar
venturoso (que nem o sonho aquieta)
sobem de mim a ti, crescem no ar,
sem perguntas, propósitos, certezas,
e enrolam-se em si mesmas devagar,
impregnadas de límpida escureza.
Em torno a solidão não desampara,
antes fecunda a antiga natureza
que dorme a tanto mito entrelaçada
[Marly de Oliveira]
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