sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Arco-íris
A Pedro Nava
O coração se aperta.
Nem sabe se foi a lembrança de certo cair de tarde
que a memória subtraiu ao tempo, ou um reviver de luzes
entre horizonte e nada.
O coração se volta, há luzes ao longe, uma cidade aparece,
some-se, já é outra cidade.
Em qual delas habita e se redescobre o menino?
Em qual delas a vida se multiplica, as manhãs renascem,
os caminhos se desenvolvem num atlas inexistente e a imaginação arma
o seu mundo de mágicos? Em qual delas
a luz é luz, a sombra é sombra?
Não sabe.
Tantas coisas já se misturaram, ou se confundiram no tempo.
Algumas realmente vistas.
Outras apenas sonhadas, ou imaginadas. E como agora todas
a distancia se ordenam,
entrelaçam-se, formam,
fundidas, transfiguradas,
um só arco-íris!
Emílio Moura
In: Itinerário Poético
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