Quanto custa tanto dizer
eu te avisto, mastigo e amo?
(Sei que sabes a polvo e povo)
II
Quando ofereço tanto querer,
eu te alcanço, arremesso e abraço?
III
Quão feliz, vil ou viril
eu te faço, afirmo ou pareço?
IV
Quando a rosa é a rosa e a roupa,
eu te oferto alvoroço e apreço.
V
Quando sinto o vento que fala;
que, so far, farfalha
e brinca com a roupa da casa,
eu te entrego meu corpo cortina.
VI
Através dos anos, cuidas de atar-me.
Tal cortinado afeito a grandes olhos:
como língua e léguas de Espanha;
tal Península em púrpura Ibérica chama.
VIII
Ata-me à tua pele branca, calcinada,
como Almodóvar às suas cores cheias
de furiosa algazarra e pagã harmonia.
IX
Aos três anos, ata-me como Rivera:
imantado; encantado pelas cores,
sonhos, dramas e dores de Frida.
X
Quantos anos achas que tenho?
A idade da pedra, do coração domado?
A idade infeliz dos que se despedem?
XI
Encontro, em teus cabelos de fogo,
a materna fúria e o profano sacrifício.
Portanto, aprendo a rir e a sonhar...
E, como rio, uma grande serpente imitar!
*Jairo De Britto,
em "Dunas de Marfim"
2 comentários:
Madalena,
Linda postagem...maravilhoso verso!!!
Um grande beijo!!!
Reggina Moon
Formatação perfeita.
Foto e poema em sintonia, ambos
maravilhosos.
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