A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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sexta-feira, 11 de julho de 2008

"Fiat"




Aqui, uma elegia
às estrelas baças,
às rimas pálidas, gastas,
de meus versos perdidos,
não vingados.

Uma lembrança
à metáfora inglória,
aos pássaros implumes,
à mais anti-poética estória -
às estrofes renegadas,
no malfeito das horas.

Nas gavetas do olvido
um louvor tardio
aos incipientes frutos
de que me desfiz ,
à face imberbe,
à sinfonia dos surdos,
ao tatear dos cegos,
um certo fracasso de mim.

Um toque de silêncio
aos moinhos de ventos
mais inertes e mudos,
ao que saberia ter sido,
à musa ingrata, opaca ,
a uma certa luz buscada,
que se não fez,
que se não cumpriu.


(Fernando Campanella)

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