sexta-feira, 11 de julho de 2008
"Elegia Amarga"
Tinha a noite escondida na espessura
de seus cabelos rotos pela aragem
quando a manhã cresceu para a ventura
em seus olhos magoados de paisagem.
E ouviu nas rotas claras da cintura
as confabulações do amor fortuito,
mas não fugiu, embora houvesse muito
desespero em redor da fonte escura.
Antes, em meio ao lúcido abandono
silenciosa ficou, a noite inteira,
louca de tédio e grávida de sono.
Depois, ardendo em chamas invisíveis
deu à fúria do mar a cabeleira
que inventava canções quase impossíveis.
Carlos Pena Filho
in 'Os Melhores Poemas'
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