quinta-feira, 2 de outubro de 2014
DE REPENTE
De repente, sentimo-nos antigos,
recua o tempo, a vida se dissolve.
Nem resta à nossa vista outro horizonte
que a linha do horizonte que não temos.
Que sonho foi mais sonho? Que tristeza
foi a tristeza vã do que não vimos?
Houve tempo de ser. Ah, nesse tempo,
que alma foi nossa, que outras nos legaram?
De repente, sentimo-nos pequenos,
a vida cala, em tempo nos tornamos,
feitos de pura ausência e de distancia.
A mente se interroga, a alma se escuta:
o que não houve é tudo o que perdura
e nada mais transcende o que nos resta.
Emílio Moura
In: Intinerário Poético
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