segunda-feira, 27 de outubro de 2014
COVARDIA
Meus olhos perscrutaram a extensão desconhecida
Da senda acidentada e inquietadora:
Era tão estranha,tão sinuosa
A estrada da vida!
Meus pés sentiram um medo misterioso
De palmilhar o mais antigo dos caminhos:
Medo do pó , medo das pedras, medo dos espinhos,
Receio daquelas sombras estranhas
que subiam dos abismos e desciam das montanhas.
Covarde, circundei minh'alma de penumbra.
Encontrei mãos que se estenderam, tão amigas,
Oferecendo amparo certo na jornada.
Eu, porém, não confiei no auxílio de outra mão.
E fiquei isolada, fiquei esquecida
À margem do agitado caminho da vida.
Helena Kolody,
Viagem no Espelho.
[Arte: Dima Dmitrievi]
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