quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
O retrato não diz mais...
O retrato não diz mais
- Bom dia -
ou então - Boa noite -
leves sonhos
até o amanhecer.
Não, não diz nada
é só um retrato
onde, ao invés de reflexivo olhar
deita-se impune
a poeira dos dias.
E de quem, no excessivo encanto
de o ver e ouvir
se perdia a enlouquecer
hoje, nele não mais se reconhece.
Maior que o amor é o Tempo.
Margarida Finkel
de 'No tear dos ventos"
- Bom dia -
ou então - Boa noite -
leves sonhos
até o amanhecer.
Não, não diz nada
é só um retrato
onde, ao invés de reflexivo olhar
deita-se impune
a poeira dos dias.
E de quem, no excessivo encanto
de o ver e ouvir
se perdia a enlouquecer
hoje, nele não mais se reconhece.
Maior que o amor é o Tempo.
Margarida Finkel
de 'No tear dos ventos"
Há na tristeza vadia
que brinca na minha rua
dia e noite, noite e dia,
uma tal melancolia
que não sei se é minha ou tua
essa tristeza vadia
que brinca na minha rua.
Há na tristeza vadia
que brinca pela calçada
uma lágrima suspensa
que fica parada e fria
e se desfaz entre os dedos
das sombras de Ave Maria.
Nestes doridos momentos
todos os meus pensamentos
dentro de mim eu silencio,
lanceada pela saudade
que martiriza e extenua
sinto a tristeza vadia
que brinca na minha rua.
E fico de alma vazia,
sem saber se é minha ou tua
essa tristeza vadia
que brinca na minha rua.
Margarida Finkel
No tear dos Ventos
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
''Epitafio''
Un pájaro vivía en mí.
Una flor viajaba en mi sangre.
Mi corazón era un violín.
Quise o no quise. Pero a veces
me quisieron. También a mí
me alegraban: la primavera,
las manos juntas, lo feliz.
¡Digo que el hombre debe serlo!
(Aquí yace un pájaro.
Una flor.
Un violín.)
Juan Gelman
Una flor viajaba en mi sangre.
Mi corazón era un violín.
Quise o no quise. Pero a veces
me quisieron. También a mí
me alegraban: la primavera,
las manos juntas, lo feliz.
¡Digo que el hombre debe serlo!
(Aquí yace un pájaro.
Una flor.
Un violín.)
Juan Gelman
'Muere el poeta argentino Juan Gelman.'
- 3 de mayo de 1930, Buenos Aires, Argentina,14 de enero de 2014, Cuidad de México, México -
El escritor argentino Juan Gelman, ganador del Premio Cervantes y un superviviente del exilio, que buscó desesperadamente y encontró en Uruguay a su nieta desaparecida, ha muerto en Ciudad de México a los 83 años.
El Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (Conaculta) confirmó a dpa la muerte del poeta, ganador del Premio Nacional de Poesía en Argentina (1997), el Juan Rulfo de Literatura Latinoamericana y del Caribe (2000), el Iberoamericano de Poesía Ramón López Velarde (2004), el Reina Sofía de Poesía (2005) y el Cervantes (2007).
"Juan Gelman, poeta del alma mexicana, poeta mayor, ha muerto. Mi pésame a sus deudos", escribió en su cuenta de Twitter el presidente de Conaculta, Rafael Tovar.
Gelman nació el 3 de mayo de 1930 en Buenos Aires y se exilió en Italia, Francia y finalmente México por la persecución de la dictadura militar argentina (1976-1983).
La dictadura le arrebató a su hijo Marcelo y a su nuera, la española Claudia García, embarazada de siete meses. A pesar de que ambos formaron parte de la larga lista de desaparecidos, el poeta pudo encontrar a su nieta Macarena hace un par de años. Su vida estuvo marcada por ese dolor.
"Hay recuerdos que no necesitan ser llamados y siempre están ahí y muestran su rostro sin descanso. Es el rostro de los seres amados que las dictaduras militares desaparecieron", señaló Gelman al recibir el Cervantes.
(El Mundo)
El escritor argentino Juan Gelman, ganador del Premio Cervantes y un superviviente del exilio, que buscó desesperadamente y encontró en Uruguay a su nieta desaparecida, ha muerto en Ciudad de México a los 83 años.
El Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (Conaculta) confirmó a dpa la muerte del poeta, ganador del Premio Nacional de Poesía en Argentina (1997), el Juan Rulfo de Literatura Latinoamericana y del Caribe (2000), el Iberoamericano de Poesía Ramón López Velarde (2004), el Reina Sofía de Poesía (2005) y el Cervantes (2007).
"Juan Gelman, poeta del alma mexicana, poeta mayor, ha muerto. Mi pésame a sus deudos", escribió en su cuenta de Twitter el presidente de Conaculta, Rafael Tovar.
Gelman nació el 3 de mayo de 1930 en Buenos Aires y se exilió en Italia, Francia y finalmente México por la persecución de la dictadura militar argentina (1976-1983).
La dictadura le arrebató a su hijo Marcelo y a su nuera, la española Claudia García, embarazada de siete meses. A pesar de que ambos formaron parte de la larga lista de desaparecidos, el poeta pudo encontrar a su nieta Macarena hace un par de años. Su vida estuvo marcada por ese dolor.
"Hay recuerdos que no necesitan ser llamados y siempre están ahí y muestran su rostro sin descanso. Es el rostro de los seres amados que las dictaduras militares desaparecieron", señaló Gelman al recibir el Cervantes.
(El Mundo)
domingo, 12 de janeiro de 2014
'POEMA DO AMOR SEM EXAGERO'
Eu não te quero aqui por muitos anos
Nem por muitos meses ou semanas,
Nem mesmo desejo que passes no meu leito
As horas extensas de uma noite.
Para que tanto corpo!
Mas ficaria contente se me desses
Por instantes apenas e bastantes
A nudez longínqua e de pérola
Do teu corpo de nuvem.
Joaquim Cardozo
(Poemas, 1947)
[Painting by Willem Haenraets]
Poema
Eu não quero o teu corpo
Eu não quero a tua alma,
Eu deixarei intato o teu ser a tua pessoa inviolável
Eu quero apenas uma parte neste prazer
A parte que não te pertence.
Joaquim Cardozo
[Painting by Willem Haenraets]
'A tarde sobe'
Ao rés da Terra o tempo é escuro
Mas a tarde sobe, se ergue no ar tranqüilo e doce
A tarde sobe!
No alto se ilumina, se esclarece.
E paira na região iluminada.
Sobe, desfaz a trama de entrelaços
Superpostos na maneira dos esquadros
Sobre o chão aos poucos escurecendo.
Sobe: No meio da parte densa.
Sobe alva, serena para as estrelas
Que irão em breve aparecer,
Luzindo, no princípio da noite;
No espaço branco em que se completa
Preenchendo o centro e a esquerda
Branco que saiu limpo
De um fundo escuro de hachuras.
A tarde sobe!
Sobe até o zênite dando aos que passam
A paz e a serenidade do entardecer.
A tarde sobe pura e macia!
As linhas de baixo se inclinam
Se afastam e vão deixá-la subir.
Joaquim Cardozo
[Fotografia de Fernando Campanella]
Mas a tarde sobe, se ergue no ar tranqüilo e doce
A tarde sobe!
No alto se ilumina, se esclarece.
E paira na região iluminada.
Sobe, desfaz a trama de entrelaços
Superpostos na maneira dos esquadros
Sobre o chão aos poucos escurecendo.
Sobe: No meio da parte densa.
Sobe alva, serena para as estrelas
Que irão em breve aparecer,
Luzindo, no princípio da noite;
No espaço branco em que se completa
Preenchendo o centro e a esquerda
Branco que saiu limpo
De um fundo escuro de hachuras.
A tarde sobe!
Sobe até o zênite dando aos que passam
A paz e a serenidade do entardecer.
A tarde sobe pura e macia!
As linhas de baixo se inclinam
Se afastam e vão deixá-la subir.
Joaquim Cardozo
[Fotografia de Fernando Campanella]
'Atônita"
Olho pro céu
nada vejo.
Olhos pros lados
ninguém.
Olho pra baixo
abismos
olho pra trás
nem um passo
olho além
muito além
é lá
que eu quero
estar.!
Miriam Portela
do blogger da autora.
''O SÍMBOLO DE TODA A NOSSA VIDA''
Há noites que deveriam ser a vida.
Intensas longas noites irreais
com o sabor amargo do efémero
e o sabor venenoso do pecado
como se fôssemos mais jovens
e ainda nos fosse permitido desbaratar
virtude, dinheiro e tempo impunemente.
Deveriam ser a vida,
o símbolo de toda a nossa vida,
a memória dourada da juventude.
E, como o despertar repentino de uma velha paixão,
que de novo voltassem aquelas noites
para ferir-nos de inveja
de tudo quanto fomos e vivemos
e ainda nos tenta
com a sua insolência.
Porque deviam ser a vida.
E foram-no talvez, já que a recordação
as salva e lhes concede o privilégio de fundir-se
numa única noite triunfal,
inolvidável, aquela em que o mundo
parecesse ter posto
suas apelativas galas tentadoras
aos pés da nossa altiva adolescência.
Longa noite gentil, noite de neve,
que a memória te conserve como uma gema cálida,
com brilho de estrelinhas de verbena,
no céu apagado em que flutuam
os anjos mortos, os desejos adolescentes.
Felipe Benítez Reyes
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