segunda-feira, 3 de setembro de 2012
'TODA VIDA É RASCUNHO PERMANENTE '
XXIII
Toda vida é rascunho impermanente
manuscrito com tinta azul lavável.
Não divise futuros, não invente
eternidades nem se torne escrava
de horizontes perdidos e apagados.
Somos mortais, por isso celebramos
casuais centelhas de imortalidade.
Por mais que dure e se transvie em ramos,
uma árvore tem a sua hora.
Se a chuva a curva, sofre mas não chora,
senão, dizem, até se alegra e gosta
sem se dar ao trabalho de sorrir.
Deus, amor, lhe dê olhos de menina
que a paisagem de hoje descortinem.
Tite de Lemos
In: LEMOS, Tite de. Caderno de sonetos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
Biografia: Tite de Lemos
Newton Lisboa Lemos Filho (Rio de Janeiro RJ, 1942 – idem, 1989). Foi poeta, letrista., dramaturgo e jornalista.
Publicou seus primeiros livros de poesia, Marcas do Zorro e Corcovado Park, em 1979. No final dos ...
anos de 1970 produziu três peças teatrais: A Serra, A Liça e A Bola. Trabalhou como jornalista, nos anos seguintes; foi redator do jornal carioca O Globo. Em 1988 foi lançado seu livro Caderno de Sonetos e, em 1989, ocorreu a publicação póstuma de Outros Sonetos do Caderno. No ano de 1970, escreveu em parceria com Gutemberg Guarabira, Luiz Carlos Maciel, Sidney Miller, Paulo Affonso Grisolli e Marcos Flaksman, o musical “Alice no país divino-maravilhoso”, do qual participou Sulei Costa, que viria a se tornar sua parceria musical mais constante. O espetáculo estreou no Teatro Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. No início da década de 1970, junto a Luís Carlos Maciel, Torquato Neto e Rogério Duarte, foi editor da revista literária Flor do Mal. A ilustração que escolhi faz referência ao campo de sua poesia que gravitava entre o clássico e o experimental.
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