quarta-feira, 19 de setembro de 2012
'REQUIEM'
Não escreverei sobre ausências.
Ausência é bandeira de nada.
É ter partido
em direção de um país sem lodo nem lama.
Onde a identidade se faz de afeto.
E a dúvida é poço entreaberto
e o coração um fruto de semente madura.
Ausência é só lembrar, é só lembrar!
Ausência é só lume de esquecimento.
É só limo de eternidade.
É só flor de certeza e agonia.
Só o corpo impedido, só surdo desejo,
só pele mudada em terra,
só tempo feito areia.
Ausência é só lembrar, é só lembrar!
LINDOLF BELL
In Requiem, 1994
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