A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

OS HOMENS OCOS


Homenagem ao poeta estadunidense, T.S. Eliot, pela passagem dos 47 anos de sua morte.
(St. Louis, 26 de setembro de 1888 — Londres, 4 de janeiro de 1965)

OS HOMENS OCOS

"A penny for the Old Guy"
(Um pêni para o Velho Guy)

Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada

Forma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;

Aqueles que atravessaram
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam - se o fazem - não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados.


T S Eliot
Trad. Ivan Junqueira


The Hollow Men


Mistah Kurtz—he dead.

A penny for the Old Guy

I

We are the hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!
Our dried voices, when
We whisper together
Are quiet and meaningless
As wind in dry grass
Or rats’ feet over broken glass
In our dry cellar

Shape without form, shade without colour,
Paralysed force, gesture without motion;

Those who have crossed
With direct eyes, to death’s other Kingdom
Remember us—if at all—not as lost
Violent souls, but only
As the hollow men
The stuffed men.

T. S. Eliot


'Los hombres huecos'

I
Somos los hombres huecos
Los hombres rellenos de aserrín
Que se apoyan unos contra otros
Con cabezas embutidas de paja. ¡Sea!
Ásperas nuestras voces, cuando
Susurramos juntos
Quedas, sin sentido
Como viento sobre hierba seca
O el trotar de ratas sobre vidrios rotos
En los sótanos secos
Contornos sin forma, sombras sin color,
Paralizada fuerza, ademán inmóvil;
Aquellos que han cruzado
Con los ojos fijos, al otro Reino de la muerte
Nos recuerdan -si acaso-
No como almas perdidas y violentas
Sino, tan sólo, como hombres huecos,
Hombres rellenos de aserrín.

1925
TS Eliot

Thomas Stearns Eliot
foi um poeta modernista, dramaturgo e crítico literário inglês nascido nos Estados Unidos, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1948.

Eliot nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos, mudou-se para a Inglaterra em 1914 (então com 25 anos), tornando-se cidadão britânico em 1927, com 39 anos de idade. Sobre sua nacionalidade e sua influência na sua obra, T.S. Eliot disse:

"My poetry wouldn’t be what it is if I’d been born in England, and it wouldn’t be what it is if I’d stayed in America. It’s a combination of things. But in its sources, in its emotional springs, it comes from America."

T. S Eliot residia em Londres. Depois da guerra, nos anos vinte, ele passou muito tempo com outros grandes artistas na avenida Montparnasse, em Paris, onde foi fotografado por Man Ray. A poesia francesa exerceu grande influência na obra de Eliot, em particular o simbolista Charles Baudelaire, cujas imagens da vida em Paris serviram de modelo para a imagem de Londres pintada por Eliot. Ele começou então a estudar sânscrito e religiões orientais, chegando a ser aluno do renomado armênio G. I. Gurdjieff. A obra de Eliot, após a sua conversão ao cristianismo pela Igreja Anglicana, é frequentemente religiosa em sua natureza e tenta preservar o inglês arcaico e alguns valores europeus que ele julgava serem importantes. Publicou o poema The Waste Land em 1922; em 1927 obteve a nacionalidade britânica. Em 1928, Eliot resumiu suas crenças muito bem no prefácio de de seu livro "Para Lancelot Andrews": "O ponto de vista geral [dos assuntos do livro] pode ser descrito como classicista na literatura, monarquista na política e anglo-católico na religião." Essa fase inclui trabalhos poéticos como Ash Wednesday, The Journey of the Magi, e Four Quartets.


(Imagem de Ben Goossens.)

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