A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

OUTONO PRECOCE


Odor picante já de folhas murchas,
trigais a abrir-se vagos e sem vista:
sabe-se que das tempestades próximas
uma desnucará nosso exausto verão.

As vagens da giesta rangem. De repente
avultam ante nós o distante e o lendário:
o que hoje imaginamos ter na mão
perde-se, e cada flor, misteriosamente.

Na alma assustada cresce um tímido desejo:
de não prender-se à vida em demasia,
de aceitar como as árvores o emurchecer,
de não deixar que o seu outono faltem cores e alegria.

Hermann Hesse

Um comentário:

Célia de Luca disse...

Que lida poeia! Dá vontade de visualizar! Ver esse outono pasando em nossas vidas, muitas vezes dói, mas não podemos nem devemos deixar que morra tudo. Até porque após o outono vem a primavera e a vida renasce novamente, né? Bjs