relacionar-se solitário
com as palavras todas:
rotas, avessas, devassas,
rudes, covardes, doces,
ardentes, ousadas.
Um sempre puro escarcéu
sabendo mil vezes a mel,
e mais do que tantas a fel.
Este perene perseguir o Dizer,
tantas vezes inutilmente,
tantas vezes sabido tolo tentar,
tanto divagar sem verbo Querer.
Este submeter-se à tarefa
de costurar redes à noite, na calmaria,
retendo o cio da alma,
driblando nortes de bússolas.
Enquanto cardumes de espias,
aguardam a hora da ventania:
para devorá-las, aviltá-las,
tingi-las de sangue:
espalmar a falácia do ideal bem-querer.
Jairo De Britto,
em "Dunas de Marfim"
Um comentário:
LIndo poema!!!
O estilo do poeta Jairo de Britto é único.
Ele tem uma facilidade imensa em
brincar com as palavras e colocar
alí sensibilidade, sentimento...
Tenho lido, na internet, vários poemas dele e é sempre uma agradável surpresa.
A visita à este Blog é sempre
enriquecedora.
Abraço.
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