À noite vou por aí,
ociosamente.
Percorro um ritual lilás
feito de violetas de pedra
e traço cada pausa
no retorno da lua inicial.
Aqui a memória é lenta
como as angústias.
Muitas vezes vejo árvores
com frutos azuis,
ou animais em nudez perfeita
respirando o vento.
A escuridão é o subterfúgio
inesperado do coração
quando o olhar aquece
e o orvalho é de cetim.
Há máscaras de búzios e limos
na cara de quem passa.
Nas suas vozes ouço o itinerário
das manhãs siderais
e nasce nos meus passos
o rumo da via láctea.
Ninguém me conhece.
Venho do arco-íris
e trago nos dedos
o ângulo transparente da noite.
Graça Pires,
“Poemas Escolhidos''
1990-2011″ Ed. da Autora)
2 comentários:
Já nem sei como agradecer tanto carinho, minha amiga. Obrigada por divulgar a minha poesia.
Um beijo enorme e uma Páscoa muito feliz.
Que agradece, sou eu, e sempre agradecerei a honra de sua amiga. Admiro demais sua lírica.
Beijão, Páscoa muito Feliz.
Postar um comentário