terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
'SONETO DO SILENCIO'
Fantástico silencio! Nele existe
um clarão momentâneo: e tudo dorme.
Ai! que a noite irreal, cega e disforme,
ainda o faz mais pungente e amargo e triste!
Fantástico silencio moribundo
aos meus olhos aceso como velas
que iluminassem becos e vielas
pelas cidades pálidas do mundo...
Lá o vejo pender, fruto caído,
lá o vejo soprar contra as muralhas
e recobrir – silencio envelhecido –
o que a noite ocultou, e está perdido...
Lá o vejo oscilar nas cordoalhas
de algum veleiro desaparecido.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In: 'Só a Noite é que Amanhece'
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