terça-feira, 8 de outubro de 2013
''Arabesco''
Já próximos escutamos o rumor
dos cavalos que correm pela treva.
Até agora, porém, nada aprendemos:
não conquistamos nem a paz dos loucos
nem a mudez das fragas solitárias.
E enquanto a noite enorme, que nos ronda,
estende as suas mãos para afagar-nos
na areia das palavras desenhamos
o arabesco invisível desta mágoa:
— somos frágeis demais e não sabemos
sequer o que nos falta para sermos
completos como um deus — ou como um pássaro.
Thiago de Mello,
em "Vento geral", 1960.
dos cavalos que correm pela treva.
Até agora, porém, nada aprendemos:
não conquistamos nem a paz dos loucos
nem a mudez das fragas solitárias.
E enquanto a noite enorme, que nos ronda,
estende as suas mãos para afagar-nos
na areia das palavras desenhamos
o arabesco invisível desta mágoa:
— somos frágeis demais e não sabemos
sequer o que nos falta para sermos
completos como um deus — ou como um pássaro.
Thiago de Mello,
em "Vento geral", 1960.
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