a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."
Nega-me tua alma –
esta alma, mesma, que me furtas
e é ao degredo irremediável
que me remetes.
Nega-me tua chama
que arde no delírio dos deuses,
teu anjo, que ressona na fluidez dos lagos,
tuas asas desdobradas,
nega-me, nega-me tua espuma
que regurgita no sonho das aves
(eu sou o teu infante pássaro)
e é sem minhas fontes que me deixas,
sem meu ar extasiado.
Nega-me teu mar, tua tempestade,
o sonho e a fantasia,
e me deixas ao relento, ao sal amargo
de cada dia.
Nega-me teu olhos e já não me atento
que a felicidade embora utopia das sombras
é também certa luz incidente
que só de teu olhar
meus olhos como cúmplices pressentem.
Fernando Campanella