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A Manolo Alcántara
Tarde tão bela para estar ausente
e chorar um amor infortunado,
empalidecendo entre o desfolhado
de um claro rio ao som da corrente.
Ainda que aberta na mão do presente,
tarde que já parece do passado
por seu aroma de tempo reprimido
e sua atitude de pensativa fronte.
Tarde pura, Deus meu, como aquelas
em que me surpreendiam as estrelas
triste do céu azul e o vento triste.
Dá-me outra vez, Deus meu, a tristeza,
e a ausência, e o rio que atravessa,
já que esta tarde trêmula me deste.
Eduardo Carranza
In: Antologia Poética
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