nem dono; não tem face:
não há ventania que o disfarce.
O abandono não tem o Tempo
como senhor; ignora a dor:
não diferencia alma ou cor.
O abandono não tem tempo
a perder; parece saber tudo:
o corpo que fere, o quê torna
o próximo espírito mudo!
O abandono não tem o Tempo
da Infância; cedo aprendeu dela
a exata e definitiva distância.
O abandono não tem o tempo
manifesto de forma clara: engana
sem mais saber; de ninguém tem rol
ou dó: falta-lhe um simples farol.
O abandono é substantivo, solitário,
vítima do assédio infante e vário:
só toma consciência do outro,
quando sob a terra já o tem morto!
*Jairo De Britto,
em “Dunas de Marfim”
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