A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

SUBSTANTIVO INTRANSFERÍVEL*


O abandono não tem tempo
nem dono; não tem face:
não há ventania que o disfarce.

O abandono não tem o Tempo
como senhor; ignora a dor:
não diferencia alma ou cor.

O abandono não tem tempo
a perder; parece saber tudo:
o corpo que fere, o quê torna
o próximo espírito mudo!

O abandono não tem o Tempo
da Infância; cedo aprendeu dela
a exata e definitiva distância.

O abandono não tem o tempo
manifesto de forma clara: engana
sem mais saber; de ninguém tem rol
ou dó: falta-lhe um simples farol.

O abandono é substantivo, solitário,
vítima do assédio infante e vário:
só toma consciência do outro,
quando sob a terra já o tem morto!

*Jairo De Britto,
em “Dunas de Marfim”

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