sábado, 30 de dezembro de 2017
FELIZ ANO NOVO
Ano novo deve ser apenas um novo ano
daquele velho motivo que todos os anos
faz a gente pensar que este ano vai ser
feliz... Mas ainda é o velho tema...
Apenas sensação de permitir que sonhos
mortos enterrem os seus sonhos mortos,
enquanto a gente desperta antigas rosas
das que ainda permanecem adormecidas
nas páginas jamais abertas do jardim...
E nada de brincar de novos sofrimentos.
Ainda há muita amargura que necessita
de um funeral compatível com a liturgia
da cura pelos perdões não concedidos...
Então, depois de removida tanta pedra
desses túmulos todo ano reinventados,
a gente deseja apenas que o ano velho
acompanhe este ano novo no momento
de entrar pelas soleiras do coração...
Sementes de amor numa das mãos
e uma flor despojada dos espinhos
na outra mão...
Afonso Estebanez Stael
1943* - 2017+
sexta-feira, 28 de abril de 2017
SONETO PARA NAVEGAR
Há um tempo na vida que supomos
ter vencido sem trauma nem feridas
olvidando o sangrar das despedidas
sofridas nos poentes dos outonos...
E há um tempo de rosas renascidas
dos áridos desertos que nós somos
não obstante o estio vão os pomos
adoçando o penar de nossas vidas!
Ainda há um tempo que a saudade
como um rio que chora de piedade
nosso pranto carrega para o mar...
E vai além o nosso amor profundo
cantando no crepúsculo do mundo
a canção que a razão faz navegar!
Afonso Estebanez Stael
13.05.2014
ANIVERSARIAR
Aniversariar
é como abrir a janela pela manhã e ver,
sentir os outros bem diferentes,
mais ou menos amáveis, na nossa medida.
Aniversariar
é re-colocar parentes e amigos,
todos -- vivos ou mortos -- ao redor da mesa
da casa longe de casa.
Aniversariar
é tentar dissimular que hoje não é o dia
e não conseguir esse disfarce
simplesmente porque hoje é de fato
o dia do aniversário.
Aniversariar
é um limite e uma esperança
de que esse limite não se limite tanto
a um determinado momento em que se recebe abraços,
beijos e presentes.
Aniversariar
é qualquer coisa assim
como um motivo de fugaz felicidade
para o poeta fazer um poema de amor e amizade que dure
até quando se puder guardar esse poema.
Ricardo Dos Anjos
BRECHÓ DA ALMA
Sapato velho é um caminho andado
relembrado na sola de uma história
portanto não convém seja ignorado
como um fado perdido na memória.
Não joguem fora um livro desusado
sem lembrar se contém dedicatória
a alguém que faça parte do passado
que se apegou à uma paz simplória.
Meu coração tem eu e meus porões,
meu armário está cheio de emoções
por cartas devolvidas sobre a mesa.
Hei dobrado meus trapos na gaveta
vejo os dias sumindo na ampulheta
e com eles meus fardos de tristeza!
Afonso Estebanez Stael
(27.04.2017)
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