terça-feira, 26 de maio de 2015
''CANÇÃO DA INDIFERENÇA''
A vida passa,
leve
como a fumaça,
sem que possa
ao menos compreendê-la.
É um perfume sutil de magnólia,
cintilância indecisa de uma estrela,
um zumbido de vespa que esvoaça
em torno de uma flor
ou junto a um fruto.
É como um nome escrito sobre a areia
para viver o espaço de um minuto.
Aceitemo-la com indiferença,
como se olha a fumaça que se evola
ou se aspira o perfume de uma flor;
tal se escreve na areia um nome amado
porque se sente o amor.
Vivamo-la, pois, serenamente,
trazendo sempre a alma contente
e alegre o coração,
na certeza de que ela é transitória
e que sua glória
é como a glória
de uma bolha de sabão.
Não vale sentir tanta amargura
tanta tristeza
e quanta desventura
a vida possa nos causar.
O que vale na vida indiferente
é o pouco que o acaso nos concede
nesse inclemente
desfiar das horas,
nessa fuga do tempo
que nos mata
lentamente...
imperceptivelmente...
imperceptivelmente...
Alfredo de Cumplido de Sant'Anna
In Poemas e Legendas
Devaneio de fim de tarde...
Entre choro e riso
Chegada, despedida
Partida, retorno
Cicatriz após ferida
Seguimos tentando
temperar nossa vida...
Jefferson Dieckmann
VASTOS CAMPOS DE SOLIDÃO
Eu tenho o silêncio
entranhado em minha alma,
vastos campos de solidão,
onde a alma perambula
em busca de um abrigo,
de um sorriso amigo,
de um gesto de paixão.
Eu tenho o silêncio
engasgado em minha garganta,
coisas que eu tinha de dizer,
palavras que eu não pude pronunciar,
e a alma gesticula nervosa,
aflita por sua incapacidade de falar.
Eu tenho o silêncio
enraizado em meus poemas.
Vontade de calar palavras,
de dormir o sono dos inocentes,
de sepultar sonhos de outrora,
de descobrir novos sonhos agora.
Eu tenho o silêncio
entranhado em minha alma.
Vastos campos de solidão.
Naldo Velho
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