quinta-feira, 19 de abril de 2012
CARTA ABERTA
Ao anagrama Magog
aos que de mãos impolutas assinam a miséria
aos que preferem o bunker ao abismo
aos que propõem civilizar o coração selvagem
aos que no teorema petrificam o poema
aos que não riem do dicionário
aos que emplumam o cão
aos que evitam os olhos do inimigo
aos contra-regras do gran teatro del mundo
aos que prefixam o radical
aos que prometem Ítaca sem epopéia
aos que rezam para adormecer o escorpião
aos que não sabem fazer o plural
aos que horizontalizam a paisagem
aos que tomam assento
a todos advirto:
escrever é também vingar-se
Fernando Fábio Fiorese Furtado
De Papéis Avulsos
Marcadores:
Fernando Fábio Fiorese Furtado
quarta-feira, 18 de abril de 2012
O Paradoxo dos Sentidos
A distância nos aproxima.
A ausência traz tua presença.
Quando não te vejo mais te percebo.
No silêncio a sós ouço tua voz.
Na solidão ando contigo em pensamento pela mão.
Enxergo claro a noite através da escuridão.
No antagonismo da adversidade
mostra-se os sentidos e a autenticidade.
Será sempre assim?
Precisaremos do oposto em nosso posto.
Do amargo para lembrar o doce do gosto.
Indeléveis marcas da vida são os reversos.
Que muitas vezes só entendemos nos versos.
Jorge Cabral
(Porto Alegre RS)
quarta-feira, 11 de abril de 2012
LIII
Aspiro a eternidade neste vento.
que entra pela janela, de surpresa.
Ah! pudesse eu saber se o pensamento
é uma emanação da natureza...
Onestaldo de Pennafort
In: Poesia
Aquela criança
Aquela criança, aquela
ainda não compreendeu o mundo
ainda se busca no espelho
ainda inventa viagens
ainda ri sem motivo
- quando os fantasmas deixam.
Aquela criança, aquela
teve as asas cortadas
e a máscara afivelada
na morte dos seus amores.
Aprendeu que o tempo
- como tudo mais -
é só miragem.
Lya Luft
(Tela de William Bouguereau)
COMBOIO
Por sobre as águas cismam os ventos,
cismam os ventos sobre as águas.
Os navios sonolentos
lá vão sobre as águas...
À proa levam esperanças,
na popa pressentimentos.
O mar desfia ondas mansas,
enquanto cismam os ventos.
A água leva e traz os navios
e os pensamentos...
A viagem é dos navios,
mas quem comanda são os ventos.
Onestaldo de Pennafort
In: Poesia
Assinar:
Postagens (Atom)