A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 3 de março de 2011

De Gilberto Mendonça Teles


À Linha da Vida


A que, visível, se interrompe
na palma da máo, decisiva:
a ultrapassagem do horizonte
pelo lado avesso da escrita.


À Linha do Universo


A que, invisível, se deleita
no olho sensual da fechadura:
a letra (aleph) e seu pentelho
no espaço-tempo que se enruga.

E, anjo ou demônio, pinta o sete
mas tão relativo e medroso
que o tom azul logo se perde
na linha de fundo do esboço.


À Linha-d’água


Visível enquanto invisível,
compõe seu ritmo avergoado:
a imagem se imprime no nível
do que está deste e do outro lado.

Por sob a carga o sonho e o medo
de haver perdido e haver ganhado:
no contrabando do segredo
o contrapeso do sagrado.

E o que ficou quase perdido
(o que me deixa envergonhado)
ainda viaja sem sentido,
meio à deriva,
e bem calado.


Rio, 1986.


Gilberto Mendonça Teles
De Hora Aberta

Um comentário:

Unknown disse...

Não conhecia. Obrigado por partilhar. Abraço.