A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

VÃ LAVRAR


Este estranho, permanente,
relacionar-se solitário
com as palavras todas:
rotas, avessas, devassas,
rudes, covardes, doces,
ardentes, ousadas.

Um sempre puro escarcéu
sabendo mil vezes a mel,
e mais do que tantas a fel.

Este perene perseguir o Dizer,
tantas vezes inutilmente,
tantas vezes sabido tolo tentar,
tanto divagar sem verbo Querer.

Este submeter-se à tarefa
de costurar redes à noite, na calmaria,
retendo o cio da alma,
driblando nortes de bússolas.

Enquanto cardumes de espias,
aguardam a hora da ventania:
para devorá-las, aviltá-las,
tingi-las de sangue:
espalmar a falácia do ideal bem-querer.

Jairo De Britto,
em "Dunas de Marfim"

Um comentário:

amaliagrande@gmail.com disse...

LIndo poema!!!
O estilo do poeta Jairo de Britto é único.
Ele tem uma facilidade imensa em
brincar com as palavras e colocar
alí sensibilidade, sentimento...
Tenho lido, na internet, vários poemas dele e é sempre uma agradável surpresa.
A visita à este Blog é sempre
enriquecedora.
Abraço.