A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

Seja bem-vindo. Hoje é
Deixe seu comentário, será muito bem-vindo, os poetas agradecem.

terça-feira, 28 de maio de 2013

‘’APARIÇÃO’’


Na penumbra
Se vivem reflexos de esperança,
na pausa da incerteza!

Entre raios estelares,
Prenúncio de alva beleza,
Gritos doridos, cânticos,
Adoração e prece!

E, de uma voz doce,
Celestial, melodiosa,
Um chamamento de amor:

“dizei a todos que venham também...”!

E vieram... com fé,
E voltaram... em paz,
Procurando tal amor!

Joaquim do Carmo
em ‘Amanhecer Pelo Fim da Tarde”

''Baile de máscaras''

O cetim rodeia o decote,
a roda da saia juntada
sobre a perna, elegantemente, cruzada.
Acidez mal disfarçada.
Na bolsa trancada,
três batons,
por via das dúvidas.
E por via crucis,
o comprimido calmante.

Só e nublada,
ei-la "alegre"
na festa do seu desamparo. 

  Elizabeth Gontijo

de "Setembros"

''De um segredo''

Do interior, quero
um vestido semeado de flores
a repetir em seus botões de vidro,
em suave reticência:
o musgo do beco
a luz pungente do meio-dia,
a praça,
a poesia de um cemitério pequeno... Quero do meu interior
o caminho sombrio das entranhas
e seus quentes humores...
Do interior do interior
quero
a intensidade do fogo,
o sangue,
e deles
a coragem para os abismos.

 Elizabeth Gontijo
in 'De um segredo"

''Púrpura''

Retoco mais uma vez o batom.
Tento fingir-me intacta.
Mancho de roxo as taças onde bebo,
amargo com lágrimas o que toco.
Longos e vastos pensamentos e vestes.
Amanheço entrecortada;
sonho e dor.
Faço planos,
ando,
me agito.
As quaresmeiras confirmam:
é tempo de paixão.

Elizabeth Gontijo
in 'Cor"

 

 

 

'ESTÉTICA'


(“A beleza é a expressão do infinito no finito” – Schelling)

Arte,
ciência e religião
são grandezas numa dimensão superior.
Manifestações individualizadas pelo colectivo particular.

O valor da pureza inteligível,
o estádio supremo da estética,
os limites a atingir,
são o Bem e a Verdade.

Eis onde o individual se funde no contínuo!
Eis onde o todo é compreendido!

Vicente Ferreira da Silva
in Metafísica [Poética]

''TRAVESSIA''


Mais um dia,
A noite disfarça o pungente contorno das coisas
e delas se alastra o mistério.
Em balcões, terraços
e peitoris
o silêncio dos restos.
Na fisionomia calada das casas
impresso o segredo do tempo.
Refugia-se o homem
no breu de seu poço.
Sob o pano cerrado das pálpebras
é peixe, pássaro,anjo...
fantasma de si mesmo.

Sono de cada dia,
nosso ensaio
para o sempre.

Elizabeth Gontijo
in 'De um segredo'

''CAMINHADA''



Esconde teu ideal
dos olhos ávidos
e das mãos carentes
de luz.

Ajuda a passar
a tristeza medíocre
e o sopro triste
dos cansados da primavera

Ergue, bem alto,
a pretensão dos iludidos
e a prepotência
dos covardes de ontem.

Procura o elo oculto
da humildade orgulhosa do ser
e depois
toma teu ideal pela mão
e caminha
pro teu crepúsculo.

Donald Malschitzky
In Grafitete

Richar Bach

 
[..]
Uma nuvem não sabe porque se move em tal direção.
Sente um impulso…
É para este lugar que devo ir agora.
Mas o céu sabe os motivos e desenhos
por trás de todas as nuvens,
e você também saberá,
quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes."

Richard Bach
Excerto do livro 'Ilusões'

''CADA UM EM SEU MAR''




Cada um se desmembra em seu mar
e veleja para longe.Cada um ama
seu momento de ternura - e concebe
(faz) doçura e solidão.

Cada um leva seu recado
em si. Cada um se perde
em seu mar.Cada um é
de nascença (sem jeito) só.

Cada um morre em seu mar
deslumbra e vagalumbra, voga
em si.Cada um veleja
em sua carne - e colhe a flor
de pátina (nuvem) sideral.
Cada um sofre - e é seu mar
azulcomposto imensos sais
e clarabóia.

Cada um colhe (em seu mar)
embarcações - e segue
sua rota, seu ritmo, seu rincão.

Cada um se despedaça em seu mar
e morre naufragado.Cada um
se perde em um só mar
múltiplo de si (na) solidão.

Álvaro Pacheco
In A Balada & Outros Poemas

''ESPELHO''





Do outro lado do espelho existe tanto
-rosto impassível – quando me imagino,
que o mito da existência desencanto
compondo silencioso o meu destino.


Do outro lado do espelho escuto o canto
que é um eco da cantiga do menino.
E a lâmina entre nós cai como um manto
que isola a sombra de seu figurino.


Mas através do vidro – vã imagem –
percebo a solidez do corpo, a vida,
nos olhos transbordantes de paisagem.


Existimos à parte, independentes,
e a gargalhada que nos intimda
nem sequer utiliza os mesmos dentes.

1951



Lago Burnett
In: Estrela do Céu Perdido

[Painting By Thomas Wilmer Dewing]

''ATUALIDADE DO AZUL''


Uso a palavra azul como quem ousa
usar a asas do pássaro e reduzo
o símbolo da cor a qualquer cousa
tornada conivente pelo uso.

Sem asa e azul o pássaro não pousa
nas nuvens do real, como me escuso
de inscrever a palavra numa lousa
ou de enterrá-la como um parafuso.

Mas o azul não incide nos meus atos
nem o vôo do pássaro me oprime
a ponto de frear os meus sapatos.

Uso azul quando azul em terra escôo,
mesmo porque não configura crime
falar de céu quando o assunto é vôo.

1963

Lago Burnett
In: Estrela do Céu Perdido

''O Nosso''


Amamos o que não conhecemos, o já perdido.
O bairro que já foi arredores
Os antigos que não nos decepcionaram mais
porque são mito e esplendor.
Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler.
A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote.
O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro.
Os mais velhos com quem não conseguiríamos
conversar durante um quarto de hora.
As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido.
Os idiomas que mal deciframos.
Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito.
Os amigos que não podem faltar porque já morreram.
O ilimitado nome de Shakespeare.
A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa.
O xadrez e a álgebra, que não sei.

Jorge Luis Borges
Tradução de Cleber Teixeira, Walter Costa e Raúl Antelo

sexta-feira, 17 de maio de 2013

"DÚBIO"


Um dia, alma criança,
do vento indaguei a idade
e foi o tempo de meu pensamento
o que obtive como verdade.
Do sol, a mesma questão lançada,
Como solução veio-me o tempo
de meus olhos, de minha pele
disposta à luz em seu furor
ou em seus toques mais delicados.
Estranhas, dúbias respostas:
o universo a um seco estalar
de minha finitude
então se desmancha, e passa?
Ou trago , dos cumes da criação,
em tudo que brota, rebrota,
a mais irrestrita ,
a mais eterna proposta?

(Fernando Campanella)

[Painting by Michael Cheval]

''AO VENTO"




Fica comigo, mas não posso pedir ao vento
que sopre ao alcance de meu ouvido,
ou à terra que abençoe nossos longos segredos
-nem mesmo da luz querer ouso
que se demore em meu abrigo.
Quando os dados lançados e até meu silêncio
contra toda certeza parecem que conspiram
- e caso os dedos do mundo
em suas recurvas unhas nos firam -
releva, e fica comigo, os anjos sabem mais alto
daquilo em que insisto, do que preciso.

(Fernando Campanella)

"Telas vivas"


Emoções são como tintas
em telas distintas
coloridas ou não,
imaginadas na mente,
em forças cadentes
impressas no coração.

Warllem Silva
In: Infinitude da Graça

Warllem Silva



“Há um poder de silêncio,
 transform’a dor
 Em cada barulho interior.”

 Warllem Silva

quarta-feira, 15 de maio de 2013

*****

 




Não sou ninguém !
Quem é você ?
Ninguém - Também ?
Então somos um par ?

 
Emily Dickinson,
(1830-1886) Poetisa americana, cuja morte completa hoje 127 anos.








"... Que sei eu?! Não desejo mais que perguntar, que alimentar de dúvidas mais este esforço pela esperança – afinal, a luz voltou, por quanto tempo? Não deixo de estar onde me deixei, donde me expus à maré, para ficar, ou partir, ou regressar! As aves, essas vão e vêm até que os ventos as deixem ficar, ou partir, ou regressar! As flores, essas abrem, ou fecham, ficam ou transcendem-se, até não voltarem! As árvores, essas, morrem de pé, depois de muito persistirem, vestidas ou despidas pelas estações! (...)"

Joaquim do Carmo (a publicar)
© (direitos reservados)
 
Devagarinho, a luz estende seus braços ao longe, até onde os olhos, ainda meio adormecidos, conseguem enxergar. É de sonhos que despertam as árvores, as flores, as aves! É de viagens por mundos impossíveis que arribam as maravilhas desta realidade, tão improvável como certa, tão imprevisível como esperada, acessível como a utopia, desafio, jogo de contingências, porém, promessa de imortalidades! (...)

Joaquim do Carmo
(in "Alvorada")

''DOR OCULTA''


Quando uma nuvem nômade destila
gotas, roçando a crista azul da serra,
umas brincam na relva; outras, tranqüila,
serenamente entranham-se na terra.


E a gente fala da gotinha que erra
de folha em folha e, tremula cintila,
mas nem se lembra da que o solo encerra,
da que ficou no coração da argila.


Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angustia que não molha o rosto
e que não tomba em gotas pelo chão,


havia de chorar se adivinhasse
que há lagrimas que ocorrem pela face
e outras que rolam pelo coração!


Guilherme de Almeida
In: Os Sonetos

''NOSTÁLGICA N.º1''


Lua de ausência
mar de amargura
só no abandono
da noite escura

sal e naufrágio
morte na areia
melancolia
triste sereia

vaga e apagada
casa que oscila
ai na minha alma
voz intranquila

teia de espera
pranto de espumas
longe a afogada
num mar de brumas

rosto de sombra
voz incorpórea
lábio cerrado
dor e memória

Dora Ferreira da Silva
Poesia Reunida


[Tela de Marieta Quesada]

quarta-feira, 8 de maio de 2013

''Canção azul''


O tempo chegará
da palavra invisível
transformada em pássaro
e que acorde lembranças
há muito esquecidas
no coração sepulto.
O tempo afinal virá
o tempo sem limites
em que os enforcados
mortos e vivos
e uma lua romântica
das noites da infância
voltem a dançar
no ar da manhã.

Paulo Plínio Abreu
de 'Poesia"

''MONÓLOGO''


Há restos de tempos. . .
folhas soltas aos ventos
aos luares despertos.


Há restos de tempos. . .
noites lúgubres.
. . . momentos aos cantares da vida.


Há restos de tempos. . .
perdidos nos templos
das memórias aos sonhos.


Há restos de tempos.
em mim,
desfolhados, molhados.
. . . céus de chuvas sobre folhas
amarelas, esquecidas deformadas.



Alvina Tzovenos
In: Buscas de Infinitos

"LIMBO"

  
 
 
...E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca...
(T. S. Eliot, “A terra desolada”,
tradução de Ivan Junqueira)
 
E quando dei por mim
vi um molusco
arrastando nos ombros
o tempo da casa.

Vi um monge rondando em ócio
– o hábito
a chama
e a mariposa alucinada

folhas caducas
espectros
(os ecos, os ecos)
a roda tocada à memória.

Vi a turbulências das moscas
a lava
e a concha sonhando a asa.

Quando cheguei ao limbo de mim
e o vento seguiu
senti um abandono
na distância sem-fim.

Pesei o silêncio
e o mundo certo
que perdi –

vi a pedra chamando a água.


Fernando Campanella

segunda-feira, 6 de maio de 2013

''Litania das Horas Mortas''


Por estas horas de silêncio e solidão,
Eu gosto de ficar só com o meu coração.

É nestas horas de prazer quase divino
Que eu me sinto feliz com o meu próprio destino.

Por estas horas é que a cisma me conduz
Por estradas de treva e caminhos de luz.

É nestas horas, quando em êxtase medito,
Que sinto em mim a nostalgia do infinito.

Por estas horas, quando a sombra estende os véus,
A fé me leva além dos mais remotos céus.

É nestas horas de tristeza e de saudade
Que desperta em meu ser a ânsia da Eternidade.

Por estas horas, minhas naus ousam partir
Para Istambul, para Golconda, para Ofir...

É nestas horas, Noite amiga, em teu regaço,
Que eu me difundo pelo Tempo e pelo Espaço.

Por estas horas eu somente aspiro ao Bem,
Que em vida se tornou minha Jerusalém.

É nestas horas, quando o espírito descansa,
Que me depões na fronte o teu beijo, Esperança!

Por estas horas é que eu sinto florescer,
Como os astros no céu, o jardim do meu ser,

É nestas horas de quietude que deponho,
Ó Noite! em teu altar, minha lâmpada — o Sonho.

Por estas horas é que eu gosto de sonhar,
Para ter ilusões brancas como o luar.

É nestas horas de mistério e beatitude
Que a Glória me fascina e a Poesia me ilude.

Por estas horas de tranqüila e doce paz,
Quanta serenidade o espírito me traz!

É nestas horas, quando a treva se constela,
Que ouço o teu canto nas estrelas, Filomela!

Por estas horas, a minh'alma anseia por
Teu encanto, Ventura! e teu engano, Amor!

É nestas horas de tristeza e esquecimento
Que eu gosto de ficar só com o meu pensamento.

Por estas horas eu me julgo Parsifal
Para ir pela renúncia à conquista do Graal.

É nestas horas que, como um eco profundo,
Repercute no meu o coração do mundo.

Por estas horas transitórias e imortais
Se desvanecem minhas dúvidas fatais.

É nestas horas de harmonia indefinida
Que eu tento decifrar o teu enigma, Vida!

Por estas horas, meu instinto morre, com
A intenção de ser justo, o anseio de ser bom.

É nestas horas de fantástico transporte
Que eu busco interrogar a tua esfinge, Morte!

Por estas horas, eu me enlevo assim, porque
Vela no lodo humano a luz que tudo vê...

Por tuas horas silenciosas, benfazejas,
Deusa da Solidão, Noite! bendita sejas!

Da costa e Silva
Poesias Completas

sexta-feira, 3 de maio de 2013

''NEM TUDO É FÁCIL''



É difícil fazer alguém feliz,
Assim como é fácil fazer triste.

É difícil dizer eu te amo,
Assim como é fácil não dizer nada.

É difícil ser fiel,
Assim como é fácil se aventurar.

É difícil valorizar um amor,
Assim como é fácil perdê-lo para sempre.

É difícil agradecer por hoje,
Assim como é fácil viver mais um dia.

É difícil abrir os olhos e enxergar o que de bom
a vida te deu,
Assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz,
Assim como é fácil achar que sempre falta algo.

É difícil fazer alguém sorrir,
Assim como é fácil fazer chorar.

É difícil se pôr no lugar de alguém,
Assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.

Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão?
Mas quem disse que é fácil ser perdoado?!

Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?!

Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar alguém
que queira escutar?!

Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?!

Se alguém te ama, ame-o...
É difícil se entregar?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?!

Nem tudo é fácil na vida...
Mas, com certeza, nada é impossível...

Precisamos acreditar, ter fé
E lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos
todos estes Sonhos, Realidade...!

GLÁCIA DAIBERT
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS - 1988
Escritora de Uberlândia /MG

''MOMENTO''


O misso ao riso, cansada
e só na vida
do lar perdido
distante a paz do céu
sinto-me fraca
ninguém me vê tão nula
pois, lá na rua
os meus amigos alegres
não sabem que
meu Ser é um deserto
onde agonizam as esperanças
o que sou ora
não fui outrora
mas há no êrmo
a cor opaca do lar
que esquecida
não para de chorar...

GLÁCIA DAIBERT

''POEMA COMUM''



"A moça do sim entrou no bar
olhou em volta, o coração em flor
enfeitava-lhe os cabelos
cuspiu semente de noites pelos olhos
e preparou a boca ardentemente
para os beijos mudos.

Desapareceu na noite
gargalhou a madrugada
e voltou sozinha na manhã

Tentou encarar seu destino
no ralo da pia
mas o peso da lágrima
foi mais forte
transfigurada
recolheu o coração
murcho de engano
fugiu no sono
e sonhou que vivia."

Maria das Graças Pinheiro Gonçalves Vilhena

Graça Vilhena (Teresina) é uma poetisa brasileira, participante da “Geração Mimeógrafo” ou “Geração 70", escritora participante dos movimentos culturais dos anos 70 à atualidade.

Maria das Graças Pinheiro Gonçalves Vilhena é formada em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), tem especialização em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica, PUC/SP. É Professora de Língua Portuguesa. Atualmente, dá aulas no Instituto Dom Barreto, lecionando Literatura Clássica, conhecida por seu rigor e avaliações de alto nível de dificuldade.


Algumas Obras:


Passo a Pássaro (em parceria com William Melo Soares)

Em Todo Canto (1997)

Antologia de Poetas Piauienses e Cearenses (obra coletiva)

Baião de Todos (obra coletiva – 1996)

O Jornaleiro de Gesso (2002)